terça-feira, 9 de julho de 2013

Os vicios de um deprimido


Como todo depressivo, descobri que as madrugadas não foram feitas para os sonhos, mas para pensar, ficar em claro com as pupilas em movimentos quase ritmados em um ballet sofrido. A cama ali, vazia, fria, e espaçosa demais para um corpo tão gelado e pequeno, e como se fosse a interpretação de um coração incompleto, que em uma volta qualquer no quarteirão escuro e da rua sem saída tivesse deixado uma parte por lá. Há sentimentos que nos tomam nessas noites enlouquecedoras, porém sem explicação, definição, apenas estão vivos, ou mortos, como bem queira sua compreensão. Cada ruído do ponteiro do relógio acaba tornando-se um badalar de um sino de igreja em uma cidade fantasma, como correntes espíritos atormentados, são calafrios, o suor gelado, a cabeça perturbada com o vazio e a mistura do tudo. A solidão é a tarde cinza e chuvosa de um inverno qualquer, hipnose, a palidez de um anjo da escuridão, que transparece beleza e sofrimento em uma definição única. A tristeza aos poucos acaba sendo o vicio dos abandonados pelo amor, que o deixaram escapar pelos dedos, é como água gelada em superfícies quentes, acaba sumindo, evaporando; esse vicio é como a cocaína, o êxtase é rápido, volúvel, e a abstinência a pior das sensações, e esse ciclo alonga-se nos corações, como veias entupidas, o sangue deseja correr mas não consegue e então, EXPLODE, e faz a cor viva do vermelho-bordô se sobre sair, derrama, mancha, e pinta a escuridão.
A solidão é o amigo dos deprimidos, a tristeza o vicio dos pseudo suicidas, e a noite o refúgio dos recuados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário