Existem
pessoas que nos encantam aos olhos e corpo desde o primeiro olhar,
fotografia, respiração, e comigo não foi diferente, foram flashs
que se passaram, um rosto que passou por mim e ficou comigo, não
esqueci. Eu já estava em um processo final de paixão, uma pequena
tormenta que virava amizade, e veja a coincidência, aquele olhar
breve seria meu mais novo (grande) amado.
Nossas
vidas se cruzaram por um acaso do destino, por laços que
entrelaçaram, nossas trajetórias iriam se ligar, e todo sentimento
que estava por surgir iria ser um dos mais intensos da minha vida, aquele arrematador, amor, paixão, tesão, sofrimento, raiva, ciúmes,
um misto de tudo que todo ser humano precisa viver uma vez.
Jamais
esqueço, noite de ano novo, e algo me dizia que coisas novas estavam
por me invadir, e meu sexto sentido de bruxa não falhou, trocamos
contato pela primeira vez, acho que não havia sentido algo assim tão
forte e louco, era mais que coração pois a pele arrepiava, cada
mensagem trocada se tornava algo que me tomava por inteiro, e as
vezes me sentia adolescente novamente.
Aquele
corpo moreno, tatuado, um templo decorado e que me desejava da forma
mais quente que fogo, era fogueira acedendo nos olhares trocados.
Mãos fortes e me tocavam com força, um homem que me fez sentir
mulher em todos os sentidos, o sentia em cada parte de mim, era
saliva, suor, ardor, intensidade. Infelizmente eu sabia o pós de
tudo o que acontecia, seriam marcas físicas e internas, algo que
carregaria por longos meses, e talvez não fosse fácil me livrar.
Meu
corpo já era dele, meu coração já era dele, minha pele já era
dele, minha alma já era dele, eu era completamente dele, e ele sem
saber já me pertencia. Me tornei animal irracional, chorava de raiva
porque o queria dentro de mim todos os dias e horas, sonhava com
aquela boca percorrendo todos os cantos do meu ser, ouvia no silêncio
do meus pensamentos os seus gemidos, gritos, abafados ao pé do meu
ouvido, seus dentes na minha pele, e eu tão minha que sempre fui, me
perdi, e não mais encontrava o caminho para voltar a lucidez.
Meu
amado, meu tesão, meu desejo. Queria como amigo, daqueles que se
bebe junto e morre de rir em um sofá qualquer com um filme caricato
na TV, queria como meu homem na cama sussurrando o quanto o nosso
sexo era diferente, tremiam as pernas e as paredes, e suávamos como
animais em um ritual de acasalamento, não falávamos nada, eram
olhares e respiração, e só isso nos completava.
A
vida não me foi justa, não me deu aquele coração, simplesmente me
fazia um empréstimo de tudo o que era vivido, e ele ia embora aos
poucos e meu sofrimento aumentava, e então percebi que todo tesão,
todo sexo havia se tornado amor, aquele sentimento que eu fugia e
enfim me pegou, bateu e fez sangrar até quase morrer.
Enterrei tudo várias e várias vezes, afundei no meu próprio eu para não mais sentir, mas certas coisas não se consegue esconder, são quase imortais.
Enterrei tudo várias e várias vezes, afundei no meu próprio eu para não mais sentir, mas certas coisas não se consegue esconder, são quase imortais.
Pelos
dias chuvosos, garrafas de vinho e choro, libertei-me, finalmente,
liberta, abri minha alma em mensagens, disse tudo que me sufocava,
consegui arrancar aquele amor doente onde me fiz mais mulher, mais
humana e animal também, foram as palavras mais dificies de dizer, o
poema de rua mais vagabundo, mas eu disse, e como uma grata
surpresa ele respondeu, respondeu como homem que é, aquele mesmo
homem que entrava em mim e me fazia mais e mais, e no fim acabou, já não
era o mesmo, e tornou-se meu ex-amado.
Acabou,
mas sempre será.
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